O manuscrito - Joana D'arc

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01 setembro 2024

O manuscrito



Fabiana era uma estudante de teologia apaixonada por mistérios antigos e relatos sobrenaturais. Durante suas pesquisas, encontrou um manuscrito medieval que falava sobre um ritual para invocar o próprio diabo. Cética, mas curiosa, decidiu traduzir o texto.

Em uma noite de lua nova, sozinha em sua casa, Fabiana acendeu velas negras e desenhou um círculo de proteção no chão, seguindo as instruções do manuscrito. O ambiente, antes acolhedor, transformou-se num lugar de sombras dançantes e sussurros inquietantes. Recitou as palavras antigas, sua voz tremendo levemente. Por um momento, nada aconteceu, e ela começou a se sentir tola por acreditar em tais histórias.

De repente, uma brisa gelada percorreu o quarto, apagando as velas. A escuridão envolveu Fabiana, e ela ouviu uma risada baixa e ameaçadora que parecia ecoar nas profundezas de sua alma. As sombras nas paredes pareciam se contorcer e ganhar vida, formando figuras grotescas. De dentro das sombras, uma figura começou a se formar, com olhos vermelhos brilhantes e um sorriso cruel que revelava dentes afiados como lâminas.

"Fabiana, você me chamou?", disse a figura, sua voz ressoando como um coro de gritos abafados.

Fabiana tentou recuar, mas estava presa dentro do círculo. Sentia um frio cortante que penetrava em seus ossos. "Eu... eu só queria saber se você era real", gaguejou, sua voz quase inaudível.

O diabo riu novamente, um som que fez os ossos de Fabiana gelarem e o sangue em suas veias se tornar frio como gelo. "Real? Mais real do que você jamais poderia imaginar." Ele deu um passo à frente, parando na borda do círculo. Sua presença era sufocante, como se o próprio ar tivesse sido drenado do quarto. "Você brinca com forças que não entende, criança."

Fabiana tentou manter a calma, mas seu corpo tremia incontrolavelmente. "Eu só queria... respostas."

"Respostas têm um preço, minha cara." O diabo inclinou a cabeça, examinando-a com olhos que pareciam perfurar sua alma. "Você está disposta a pagar?"

Ela hesitou, lembrando-se de todas as histórias de barganhas demoníacas que terminavam em desespero e destruição. Imagens de rostos contorcidos pelo medo e pela dor passaram por sua mente. "Eu não quero fazer um pacto. Só quero entender."

O diabo sorriu, seus dentes afiados brilhando na escuridão, refletindo um brilho sinistro. "Muito bem. Vou lhe dar uma resposta sem preço, como um gesto de boa vontade." Ele se inclinou para mais perto, seu hálito gelado como um vento de inverno. "A verdade é que o mal não precisa ser invocado. Ele já está aqui, dentro de cada ser humano, esperando para ser despertado."

Com essas palavras, a figura desapareceu, e as velas se acenderam novamente, lançando luz sobre o quarto que parecia agora ainda mais escuro e opressivo. Fabiana estava sozinha, ofegante, seu corpo frio e seu coração batendo descontroladamente. Ela sabia que nunca esqueceria aquelas palavras e o frio que sentiu naquela noite. Decidiu que, dali em diante, dedicaria sua vida a estudar o bem e a proteger os outros das trevas que tinha vislumbrado.

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