A casa mal assombrada - Joana D'arc

Destaque

31 agosto 2024

A casa mal assombrada



No coração de uma pequena cidade, oculta sob a sombra de árvores retorcidas, erguia-se uma casa abandonada que despertava curiosidade e medo entre os moradores. Sua estrutura de madeira, outrora majestosa, agora se deteriorava lentamente sob o peso dos anos e dos segredos ocultos em suas paredes.

Há décadas, rumores sinistros pairavam sobre a casa. Dizia-se que ali havia ocorrido tragédias inexplicáveis, que uma família fora consumida por uma presença maligna que se recusava a partir. As histórias eram vagas e sombrias, sem detalhes claros sobre o que realmente acontecera.

Foi em uma noite fria de outono que minha curiosidade me levou a explorar aqueles corredores empoeirados. O vento sibilava por entre as janelas quebradas enquanto eu avançava com cautela. O ar era carregado com um odor de mofo, mas havia algo mais, algo metálico no ar, como o cheiro de sangue fresco que pairava de forma perturbadora.

Cada passo ressoava como um eco fantasmagórico, ecoando as histórias sinistras que permeavam o local. Manchas escuras nas paredes pareciam se mover à medida que a luz da minha lanterna dançava sobre elas, enquanto sons indistintos ecoavam pelas salas vazias, como sussurros distantes de vozes desconhecidas.

A atmosfera mudou drasticamente quando cheguei ao porão. Uma sensação de opressão me envolveu, como se o próprio ambiente estivesse tentando me afastar. Mas a curiosidade superou o medo, e desci os degraus carcomidos pela ação do tempo.

No escuro úmido, uma sombra se moveu rapidamente, algo que desafiava a lógica da minha lanterna falha. Um arrepio percorreu minha espinha enquanto uma presença gélida parecia me envolver. Era como se o tempo ali tivesse congelado, deixando apenas o eco de tormentos passados para me assombrar.

Uma rajada de vento súbita apagou minha lanterna, mergulhando-me na escuridão absoluta. Minha respiração ficou pesada e irregular, dominada por um genuíno medo. Cada sombra, cada movimento, parecia uma ameaça iminente, uma manifestação do terror que a casa retinha.

Corri escada acima, tropeçando enquanto meus passos ecoavam pelo corredor vazio. Ao alcançar a saída, senti como se tivesse escapado por um triz de algo terrível e indescritível que ainda residia naquele lugar.

Nunca mais pus os pés naquela casa abandonada, mas as lembranças daquela noite assombram meus sonhos até hoje. Às vezes, quando o vento uiva e as sombras se alongam, eu me pego recordando da presença maligna que se esconde na escuridão, aguardando por alguém imprudente o suficiente para despertá-la novamente.

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