A história da literatura brasileira ganha um novo capítulo com o lançamento da obra “Teatro de Machado de Assis: alternativa para a dramaturgia brasileira”. Escrito pelo professor e pesquisador Nilton de Paiva Pinto, o livro, que será lançado na quinta-feira, dia 29 de fevereiro, dentro da programação do projeto Noite no Museu, na Casa de Cultura Nair Mendes Moreira (Praça Vereador Josias Belém, 01, Sede), em Contagem, na região metropolitana de BH, resgata e reavalia as obras dramatúrgicas de Machado de Assis.
Diferentemente de outras abordagens sobre a obra do escritor brasileiro, que quase sempre recaem sobre os contos e romances, Nilton de Paiva optou por estudar a produção teatral de Machado de Assis. Sim, é isto mesmo: o autor de “Memórias Póstumas de Brás Cubas” também contribuiu para o teatro brasileiro. Nascido em 1839, o autor de romances e contos geniais dedicou-se intensamente ao teatro em sua juventude literária, na década de 1860, participando dos debates do tempo, atuando no jornalismo como crítico teatral, traduzindo peças francesas e exercendo inclusive a função de censor, como membro do Conservatório Dramático Brasileiro. Devido ao estímulo do meio, acabou por escrever comédias curtas, que foram representadas tanto por artistas profissionais quanto por amadores.
O livro “Teatro de Machado de Assis: alternativa para a dramaturgia brasileira” é resultado das pesquisas e análises que o professor vem realizando já há alguns anos. Em seu ensaio, ele debruçou-se sobre a produção do jovem escritor para compreendê-la e explicá-la em sua singularidade: “O objetivo, ao fazer esse trabalho, foi estudar a produção teatral de Machado de Assis de forma independente e deslocada de sua obra de ficção — já muito conhecida”, declara Nilton.
De acordo com Nilton, o interesse por investigar uma faceta pouco conhecida do grande escritor, a de comediógrafo, surgiu não apenas pelo reconhecimento da importância que Machado tem para a literatura brasileira, mas também pela constatação de que sua produção teatral ficou relegada a um segundo plano pela crítica literária. “Apesar da sua incontestável importância no universo literário brasileiro, Machado de Assis quase nunca é lembrado como um homem de teatro. A sua obra dramatúrgica, ainda hoje, permanece pouco explorada, quase desconhecida, embora ela tenha estado presente desde o início de sua carreira”, defende.
Em “Teatro de Machado de Assis: alternativa para a dramaturgia brasileira”, cujo lançamento conta com recursos do Edital Movimenta Cultura, do Fundo Municipal de Incentivo à Cultura de Contagem, um dos aspectos mais intrigantes destacados por Nilton é a intensa atuação de Machado de Assis no cenário teatral brasileiro desde a juventude. Nos seus primeiros passos como crítico teatral, aos 20 anos, até sua incursão como autor de peças, Machado demonstrou um comprometimento singular com a criação de um teatro brasileiro – que naquela época não existia.
Como autor de textos teatrais, Machado de Assis escreveu “Hoje Avental, Amanhã Luva” (1860); “Desencantos” (1861); “O Caminho da Porta” (1862); “O Protocolo” (1862); “Quase Ministro” (1862); “As Forcas Caudinas” (1863); “Os Deuses de Casaca” (1864); “Uma Ode de Anacreonte” (1870); “Tu Só, Tu, Puro Amor” (1880); “Não Consultes Médico” (1896); e “Lição de Botânica” (1906). Segundo Nilton, “diante dessa atuação tão intensa, fica no leitor o interesse em saber por que a crítica literária brasileira relegou a um segundo plano a produção teatral de Machado de Assis. Deixou-a, às vezes, à margem, ou completamente ignorada, em detrimento da obra ficcional, mais especificamente, do conto e do romance”, finaliza o escritor.
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