Precisamos falar sobre a Doença de Alzheimer - Joana D'arc

Destaque

27 julho 2019

Precisamos falar sobre a Doença de Alzheimer

Começa mais ou menos assim: a mesma pergunta é feita várias vezes; há também uma dificuldade em acompanhar conversas e articular; sair de carro se transforma em pesadelo porque achar o caminho não é natural. Esses sinais evidenciam o primeiro e mais característico sintoma da Doença de Alzheimer, a perda de memória recente. O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa que provoca a diminuição das funções cognitivas. Em poucas palavras, as células cerebrais morrem, prejudicando a função mental. A progressão da doença acarreta em problemas mais graves, como o esquecimento de fatos mais antigos, a desorientação no espaço e irritabilidade.
Falar sobre a Doença de Alzheimer (DA) é uma questão de saúde pública. No mundo, estima-se que 50 milhões de pessoas sofram de demência – grupo de distúrbios cerebrais que causam a perda de habilidades intelectuais e sociais. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a DA é responsável por até 70% dos casos de demência1. Aqui no Brasil, o cenário é particularmente desafiador. O número de indivíduos vivendo com demência deve triplicar até 2050, segundo relatório da Organização Mundial da Saúde2. E o número de pacientes diagnosticados com Alzheimer deve crescer em proporção semelhante.
Ainda não há cura para a Doença de Alzheimer, o objetivo do tratamento se limita a frear os sintomas. E, com a iminência do cenário descrito anteriormente, autoridades de saúde se veem diante de uma empreitada. Trata-se de uma enfermidade de evolução progressiva e inexorável. Viabilizar soluções que melhorem a qualidade de vida de pacientes e cuidadores é essencial.
Nesse sentido, alguns passos já foram dados. Por exemplo, a ampliação do acesso aos tratamentos via Sistema Público de Saúde, contribuindo para minimizar a progressão da doença e melhorando a qualidade de vida dos pacientes. Há exatamente um ano, o Ministério da Saúde disponibiliza o medicamento Rivastigmina adesivo transdérmico para tratamento da Doença de Alzheimer, previsto no Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT)3. O medicamento age inibindo uma enzima responsável por degradar a acetilcolina, um neurotransmissor essencial nos processos cognitivos, principalmente a memória4.
Ao administrá-lo, temos uma oferta maior de acetilcolina no organismo5. A versão oral da Rivastigmina já era oferecida no SUS, mas sua ingestão pode causar alguns desconfortos gastrointestinais, como náusea, vômito e diarreia1. A vantagem do adesivo é que a medicação é liberada gradualmente através da pele, reduzindo a possibilidade de efeitos colaterais por não passar diretamente pelo trato digestivo4.
Existem outras frentes que ainda precisam ser trabalhadas em termos de políticas públicas. A complexidade da Doença de Alzheimer demanda a atuação de equipes de diversas áreas e uma abordagem integral que facilite a interação médico-cuidador-paciente. O médico atuando sozinho, aliás, é incapaz de resolver muitas das questões relacionadas à enfermidade. As ações multidisciplinares podem interferir positivamente no tratamento, com melhoras significativas de problemas comuns como a depressão.
A Doença de Alzheimer pode não ter cura, mas, se diagnosticada no início, o tratamento adequado ajuda a impedir a progressão e amenizar os sintomas, proporcionando melhor qualidade de vida ao paciente e reduzindo o sofrimento dos cuidadores e da família. O avanço da ciência abre um caminho promissor e traz esperança para toda sociedade6.
 
*Rodrigo Rizek Schultz é neurologista e Presidente da Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz)
 
Material não promocional destinado exclusivamente à comunicação com a imprensa Referências
 
1 Demência: número de pessoas afetadas triplicará nos próximos 30 anos; disponível em: https://www.paho.org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5560:demencia-numero-de-pessoas-afetadas-triplicara-nos-proximos-30-anos&Itemid=839 (acessado em junho de 2019)
 
2 Projeção da População 2018; disponível em https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/21837-projecao-da-populacao-2018-numero-de-habitantes-do-pais-deve-parar-de-crescer-em-2047 (acessado em junho de 2019)
 
3 Protocolo Clínico de Diretrizes terapêuticas Doença de Alzheimer; disponível em http://conitec.gov.br/images/Relatorios/2017/Recomendacao/Portaria_Conjunta_13_PCDT_Alzheimer_28_11_2017.pdf ; (acessado em junho de 2019)
 
4 Bula do medicamento; disponível em http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bula/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=23574372016&pIdAnexo=3933177
 (acessado em junho de 2019)
 
5 Winblad B et al. IDEAL: a 6-month, double-blind, placebo-controlled study of the first skin patch for Alzheimer disease. Neurology. 2007 Jul 24;69(4 Suppl 1):S14-22.3-Adaptado de: Gauthier S et al. EXACT: rivastigmine improves the high prevalence of attention deficits and mood and behaviour symptoms in Alzheimer’s disease.
 
6 Alzheimer: o que é, causas, sintomas, tratamento, diagnóstico e prevenção; disponível em http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/alzheimer.  (acessado em junho de 2019)
 
 
 Por Rodrigo Rizek Schultz*

10 comentários:

  1. Esse é um mau que tem feito mais e mais vitimas, eu mesmo tenho casos na família. Precisamos adotar hábitos mais saudáveis como alimentação equilibrada e prática de exercícios físicos e mentais.

    Abraços!

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  2. Graças a Deus é uma doença que nunca tive contato, mas já ouvi muito sobre. Adorei o pos pois não sabi de muitas coisas sobre essa doença.

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  3. tive um caso na família e é muito triste!
    Fiquei preocupada com o primeiro artigo q compartilhou. preciso ler!

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  4. olá joana!
    meu tio teve Alzheimer é muito triste. ele era farmacêutico,bioquímico falava 5 idiomas fluente e essa doença tirou tudo que ele sabia e o mais não conhecia mais a esposa e nem os filhos sobrinhos as vezes ver uma pessoa com essa doença que a gente admira tanto.. dói muito.muito mesmo. rezemos para que antes de 2050 eles acham a cura e as pessoas não tem esse problema, porque só quem já viu de perto sabe o tanto que é triste.. Adorei o post.. muito útil e bem explicativo.. bjs e sucesso!

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  5. Olá, tudo bem?

    Alzheimer é uma doença que devasta o ser humano tanto aos poucos como de forma avassaladora. Digo isso por presenciar familiares e pessoas conhecidas que foram acometidas por essa triste doença. A minha torcida é para que encontrem uma cura ou controle para combater o Alzheimer.
    Abraço!

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  6. Olá , como seu post diz , frear os sintomas . Acho que precisamos exercitá a mente estando sempre em atividades

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  7. Post muito esclarecedor, infelizmente essa é uma doença que não tem cura mas foi importante saber que se diagnosticada no início os sintomas podem ser amenizados.

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  8. Eis uma doença que com o avanço da idade parece estar cada vez mais presente. Tenho esperança que ainda vão achar uma cura.

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  9. É muito triste vendo as memórias se apagarem nas pessoas que amamos. Muitas vezes esquecem até de nossos nomes. Já tive tios que enfrentaram a doença. Conheci um senhor que desapareceu e nunca mais a família encontrou. Não sabia desse adesivo que agora é disponibilizado pelo Ministério da Saúde. Já ajuda já que não traz o mesmo efeito do remédio ingerido.

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  10. Oi,tudo bem ?

    Infelizmente é uma doença que tira tantas memórias e é triste de se ver. Por isso parabenizo pelo post, essa doença merece atenção, as pessoas merecem se informarem mais sobre o assunto e acolher melhor as pessoas que sofrem com essa sintuação.

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