Amamentação e câncer de mama: ciência que protege - Joana D'arc

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02 outubro 2025

Amamentação e câncer de mama: ciência que protege

Mitos e verdades sobre como a amamentação impacta na prevenção do câncer de mama

 

No Outubro Rosa, o foco das campanhas costuma estar na prevenção e no diagnóstico precoce. Mas há também uma forma natural de proteção que muitas vezes é esquecida: a amamentação. Estudos científicos mostram que amamentar não é apenas um ato de nutrição e vínculo, mas também uma ferramenta poderosa de proteção contra o câncer de mama. Para desmistificar o tema, a especialista Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra, consultora internacional de lactação certificada pelo IBCLC, consultora do sono materno-infantil pelo International Parenting and Health Institute e educadora parental pela Positive Discipline Association, responde aos principais mitos e verdades.

Mito ou verdade: amamentar reduz o risco de câncer de mama?

Verdade. Um estudo publicado na revista The Lancet (2016), que avaliou dados de 47 estudos em 30 países, concluiu que mulheres que amamentaram tiveram risco 4,3% menor de desenvolver câncer de mama a cada 12 meses de amamentação, considerando todos os filhos. Já mulheres que nunca amamentaram apresentam risco maior em comparação com aquelas que prolongaram a prática.

Mito ou verdade: a proteção acontece porque o corpo “gasta energia” produzindo leite?

Mito. A explicação é bem mais complexa. A proteção está ligada a quatro fatores principais: menor exposição ao estrogênio (hormônio associado ao crescimento de células tumorais), maturação celular das mamas durante a lactação (que reduz a suscetibilidade a mutações), descamação natural de células mamárias alteradas no processo de produção de leite e, por fim, o impacto positivo da amamentação no metabolismo materno, ajudando a prevenir o acúmulo de gordura ao longo da vida.

Mito ou verdade: só quem amamenta por muito tempo tem algum benefício?

Mito. Toda amamentação conta. Mesmo períodos mais curtos já oferecem proteção, mas o efeito é cumulativo: quanto maior o tempo total de amamentação ao longo da vida, maior a redução do risco. Segundo dados da OMS, se todas as mulheres amamentassem por pelo menos 12 a 24 meses, até 20 mil mortes por câncer de mama poderiam ser evitadas todos os anos no mundo.

Mito ou verdade: amamentar protege apenas a mãe?

Mito. A amamentação traz benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Para o pequeno, além de nutrição e fortalecimento imunológico, há redução do risco de diversas doenças ao longo da vida. Para a mãe, além da diminuição do risco de câncer de mama, estudos apontam impacto positivo na proteção contra câncer de ovário e no controle de peso pós-gestação.

Mito ou verdade: amamentar é só uma questão de escolha?

Mito. Embora a decisão final sempre seja da mulher, é importante lembrar que amamentar envolve apoio social, familiar e, principalmente, estrutural. “Muitas mulheres querem amamentar, mas enfrentam dificuldades, falta de orientação adequada e até pressões externas. É fundamental que haja suporte para que a amamentação possa acontecer de forma saudável e prazerosa”, ressalta Cinthia.

No fim das contas, amamentar é muito mais que alimentar. É nutrição, vínculo e proteção. Um presente que a mãe dá ao bebê, mas que também se reflete em benefícios diretos para a saúde dela. Neste Outubro Rosa, a mensagem é clara: pequenos gestos, como a amamentação, podem ter impacto enorme na prevenção do câncer de mama.

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