Tony Sanchez, ou Tony Espanhol (Spanish Tony), afirmou nunca ter sido traficante. Mas era capaz de encontrar, na Londres entre a sofisticação e a decadência do fim dos anos 1960, “desde um saquinho de erva até uma submetralhadora Thompson”. Foi essa versatilidade que o aproximou da incandescente cena de rock londrina e, claro, dos Rolling Stones. Em suas próprias palavras, ele era jovem e puxa-saco o suficiente para entender que, em troca da proximidade de gente como Brian Jones e Keith Richards, o risco de se meter em encrenca das grossas valia a pena.
Em Eu fui traficante do Keith Richards, lançado pela primeira vez no Brasil pela Editora Sapopemba, Sanchez conta, com riqueza de detalhes, como foi mergulhar no abismo com a banda mais perigosa do mundo. Publicado originalmente em 1979 com o título “Up and Down with The Rolling Stones – The Inside Story”, e republicado, em 2003, como “I Was Keith Richards’ Drug Dealer”, o livro é um recorte biográfico sem precedentes (e sem pudores) sobre os Rolling Stones e a espiral de insanidade em que se atiraram naquele fim da década de 1960. Enquanto a juventude pedia paz e enfeitava os cabelos com flores, Mick Jagger, Keith Richards, Brian Jones (os dois últimos, sobretudo), Bill Wyman e Charlie Watts metiam os pés pelas mãos, cobriam a si mesmos com escândalos, drogas e comportamento questionável. O que não os impediu de lançarem talvez seus melhores discos; ao contrário, o fogo intenso serviu de combustível para a criação de alguns clássicos absolutos e definitivos do rock.
Inglês filho de imigrantes espanhóis, Sanchez tentou se tornar bandido inspirado por um primo. Não teve coragem para tanto; tornou-se segurança de casa noturna, depois fotógrafo e passou a circular no jet set londrino, em meio a galeristas, escritores, artistas, celebridades e, claro, os stones.
Eu fui traficante do Keith Richards é muito mais do que uma narrativa detalhada sobre o abuso de drogas por parte de rockstars irresponsáveis. É sobre “o tráfico de relações interpessoais de um grupo de jovens privilegiados, criativos e inconsequentes em um mundo muito familiar, mas que já não existe mais: os Swinging Sixties, quando na Inglaterra a homossexualidade deixava de ser crime, e os viciados ainda conseguiam drogas do sistema público de saúde no intuito de reduzir os efeitos da abstinência", explica o jornalista José Júlio do Espírito Santo no prefácio da edição brasileira. E é, principalmente, a história de Tony Sanchez, seu muitas vezes caráter flexível e sua vontade de fazer parte de um grupo de jovens que, naquele momento, eram a maior banda de rock do planeta.
Terceiro título da Editora Sapopemba, Eu fui traficante do Keith Richards é uma espécie de biografia não autorizada à mão armada: traz um relato impressionante sobre como funcionavam as engrenagens dos Rolling Stones em seu auge, contado por quem esteve por tempo suficiente no olho do furacão. Como poucas biografias fizeram, o livro expõe as vísceras de artistas que decidiram conscientemente desprezar qualquer possibilidade de uma vida ordinária. Foi nos primeiros anos de banda em que, aproveitando a fama de delinquente dos garotos, o empresário Andrew Loog Oldham provocava com a pergunta em forma de slogan: "você deixaria sua filha se casar com um rolling stone?" O livro de Tony Sanchez oferece uma segunda pergunta: "você teria coragem de ser traficante de um rolling stone?"
FICHA TÉCNICA:
Eu Fui Traficante do Keith Richards
Autor: Tony Sanchez
Tradução: Letícia Lopes Ferreira
Prefácio: José Júlio do Espírito Santo
Ilustração da capa: Paula Villar
Editora Sapopemba ISBN: 978-65-81299-01-9
Lançamento: julho de 2024
Formato: 14 x 21, 448 páginas
ONDE COMPRAR:
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Livrarias London Calling e Locomotiva Discos
Preço: R$ 90

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