Solidões Femininas são cerne de novo livro de Tamiris Volcean

Ser mulher é sentir medo, mas mais do que isso é também ter coragem de enfrentar os desafios que são proporcionados pela sociedade. Coragem de fazer coisas triviais do dia-a-dia ou viajar sozinha como fez a escritora Tamiris Volcean, que compartilha os medos e coragens que encarou no livro “Solidões Compartilhadas”, que sai pela editora Lyra das Artes, tem 128 páginas, está disponível em pré-venda no site da editora por R$ 39,90. Quem quiser ir direto às livrarias (Martins Fontes, Cultura, Blooks ou Amazon), encontrará o livro por R$ 44,90.O lançamento oficial com tarde de autógrafos será no dia 5 de dezembro, das 14h às 17h, na Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01311-910) e terá acesso gratuito.Foi em meio à pandemia do novo coronavírus, que a escritora resolveu transformar o que seria apenas um zine para entregar a alguns amigos próximos em um livro para compartilhar as viagens que fez a diferentes lugares do mundo. A primeira grande viagem foi em 2017 com destino à Paris, onde foi morar para fazer o intercâmbio de Mestrado, de lá viajou pela Europa em estilo mochilão. Aqui no Brasil teve a oportunidade de fazer o “O Caminho do Sertão”, de Sagarana ao Grande Sertão: Veredas, fazendo a rota do enredo de Guimarães Rosa a pé. Ela passou pela Amazônia, Serra da Canastra, Amsterdã, Budapeste e muitos outros locais.Com textos em formato de crônicas, o livro traz as experiências da própria autora e de mulheres que ela entrevistou. Apenas dois textos não estão em primeira pessoa (Itália e Tailândia). Tamiris conversou com cerca de 50 mulheres viajantes:“Eu fiz uma publicação nas redes sociais, convidando mulheres que viajam sozinhas a compartilharem suas experiências. Felizmente, deu certo! Uma foi indicando a outra e, quando me dei conta, tinha falado com mais de cinquenta; virtual ou pessoalmente. Ouvi as histórias e enxerguei um padrão entre elas, que era o mesmo que se encontrava nos meus escritos pessoais. Notei que, independentemente do destino, compartilhávamos as mesmas solidões. Usei os meus escritos, mas, todas estão ali e se enxergarão ali de alguma forma. Eu fiz questão de que isso fosse possível, que as mulheres se enxergassem em cada página”, conta a escritora.Mas o que é esse fio condutor que passa por todas as mulheres em “Solidões Compartilhadas”? Segundo Tamiris, o cerne deste livro é o medo que as mulheres sentem diariamente na forma de opressão e de cerceamento da autonomia feminina. Na sociedade patriarcal, há perigos sim, e ela trata deles durante todas as crônicas, mas confrontá-los é uma maneira também de reafirmar a sua própria existência. Isso fica explícito quando lemos o subtítulo do livro: “Pequenas histórias para incentivar mulheres a conquistar o mundo”. “Penso que as solidões das mulheres é um conceito que vai muito além do ato de viajar sozinha. E essa é uma chave de leitura importante para o livro. Não é, necessariamente, um livro sobre viagens, é um livro sobre como o machismo estrutural e as bases de sustentação da sociedade patriarcal nos aprisiona, tanto de forma denotativa, quanto conotativa. ‘Solidões Compartilhadas’ significa que nós, mulheres, compartilhamos angústias muito semelhantes, em qualquer lugar do mundo em que vigore o patriarcado. Quando eu falo sobre situações que me ocorreram aqui ou ali, tenho certeza de que essa vivência não foi e nem será única, mas, que do outro lado, muitas leitoras vão notar que já sentiram o mesmo, ainda que dentro de casa, ainda que nunca tenham viajado na vida”, revela.
E continua:
“Digo isso, porque essas solidões, não dão as caras somente em viagens curtas ou longas. Elas aparecem no cotidiano da mulher. Alguém que nunca saiu da sua cidade natal pode se identificar com elas, porque elas são as consequências do sistema opressor em que vivemos. Essas solidões são reflexo do medo, da opressão, da violência de gênero, da dominação, da falta de autonomia financeira, da dificuldade em conciliar vida profissional e vida pessoal, de sentir-se só pelo simples fato de ser mulher. E nós compartilhamos todas elas”, finaliza.
Ilustrações e a editora que acredite no projeto

Tamiris optou por não utilizar fotos em “Solidões Compartilhadas”. O livro é ilustrado por Caroline Gomes, que faz um trabalho delicado e aberto a interpretação dos leitores.“Queria algo que permitisse a outras mulheres se enxergarem ali. Se optasse por fotos, a narrativa tenderia ao documental, aprisionando a nossa capacidade de abstração, responsável por transferir o narrado à nossa própria realidade. As ilustrações, além de servirem como um segundo texto para cada temática, complementando a linguagem verbal, ainda possibilitam que a leitura seja contextualizada e particularizada a partir do que e de onde vive cada leitora”, explica a escritora.O impasse inicial que Tamiris encontrou foi achar uma editora que entendesse o que ela estava propondo, algo que não só contasse como os lugares que viajou são maravilhosos, mas que também abordassem a temática do feminino.“O primeiro desafio foi encontrar uma editora que topasse executar a minha ideia. Um livro ilustrado, colorido e que foge aos padrões editoriais. Eu já estava desanimando, retornando à ideia de fazer uma publicação completamente independente, quando surgiu a Lyra das Artes, uma editora que encarou o desafio de me deixar criar à vontade, respeitando os meus processos criativos. Por ser exatamente o reflexo daquilo que sinto, sem imposições ou amarras mercadológicas, esse livro é muito importante para mim. A meu ver, a função da Literatura é essa; a de transpor sentimentos, angústias, reflexões e vivências em palavras para que, assim, possamos amenizar o peso daquilo que carregamos do lado de dentro, ao saber que muitas outras pessoas o carregam também. Ler e escrever é, também, compartilhar”, analisa Tamiris.Para ela, a arte também deve ser usada para questionar os padrões da sociedade e fazer refletir sobre mudanças. Algo que faz com primazia em seu segundo livro.“Acredito que é sempre importante falar dos problemas sociais a partir de diferentes perspectivas. A desigualdade de gênero continua entre nós, assim como a violência, o abuso e o feminicídio. Por isso, é urgente que utilizemos as expressões artísticas para levar reflexões capazes de auxiliar e encorajar mulheres a seguirem ocupando seus lugares de fala e, assim, diminuindo o abismo que ainda persiste entre nós e o que é nosso por direito. As artes, em todas as suas dimensões, podem, sim, ser ferramenta de transformação social”, arremata.
Mais Sobre Tamiris Volcean
Tamiris Volcean tem 28 anos, nasceu em Catanduva, interior de São Paulo., é jornalista e hoje Tamiris desenvolve seu Doutorado em literatura brasileira na Universidade de São Paulo (USP), estudando a difusão da obra de Milton Hatoum na França. A paixão pela escrita e pela literatura vem da infância. Aos 7 anos escreveu aquilo que considera seu primeiro livro, de contos de terror “um amontoado de folhas sulfite que fora, carinhosamente, grampeado pela minha mãe, minha única leitora”. Seu primeiro livro, “As pessoas que matamos ao longo da vida” (editora Reformatório, 2016), reúne 44 crônicas. Confira seu trabalho nas redes sociais: Facebook, Instagram.
Mais sobre a Lyra das Artes
A LYRA é uma agência de projetos culturais focada em literatura, música e atividades formativas no campo das artes. Somando as experiências de Cris Rangel, Lâmia Brito - artistas da palavra e produtoras culturais - e Aline Neves, editora e historiadora, e pensando no hibridismo das artes como um todo e suas possibilidades, a LYRA desenvolve projetos que propõem diálogos entre diferentes áreas artísticas sem nunca esquecer da qualidade das apresentações. Nosso trabalho é planejar, criar e realizar junto com os artistas do casting - que inclui escritores, poetas, comediantes, ilustradores, músicos, produtores musicais, etc. -, a atuar na venda e marketing, produzir espetáculos, publicar livros e, principalmente, nos divertir fazendo arte e auxiliando quem faz. Veja mais sobre os nossos projetos no site https://www.lyradasartes.com.br/ ou siga no Instagram: https://www.instagram.com/lyradasartes/.
 
SERVIÇO
Nome: Lançamento do livro "Solidões Compartilhadas", de Tamiris Volcean
Data: 05/12
Horário: 14h às 17h
Local: Livraria Martins Fontes (Av. Paulista, 509 - Bela Vista, São Paulo - SP, 01311-910), próxima à Estação Brigadeiro do  metrô. Convênio com estacionamento: Rua Manoel da Nóbrega, 88 ou 95 – Desconto na primeira hora, nas compras acima de R$ 10,00.
Mais informações: Fone: 2167-9900
Acesso gratuito
Livre para todas as idades