Diagnóstico: o que o médico faz
O diagnóstico costuma incluir:
- História clínica completa (início da queda, cronologia, fatores desencadeantes, uso de medicamentos, história menstrual e familiar);
- Exame físico e tricoscopia (mapear padrão de afinamento, sinais de inflamação ou cicatrização);
- Exames laboratoriais comuns: hemograma, ferritina, TSH, hormônios sexuais quando indicados, vitamina D, entre outros;
- Biópsia de couro cabeludo em casos duvidosos (p.ex., suspeita de alopecia cicatricial).
Esses passos definem se a perda é um padrão feminino (androgenético), eflúvio telógeno (transitório), alopecia areata (autoimune) ou formas cicatriciais, que têm condutas distintas.
Tratamentos comprovados do mais conservador ao cirúrgico
O tratamento deve ser individualizado segundo diagnóstico, grau de perda, idade, desejo reprodutivo e tolerância a medicamentos. A seguir, os principais recursos com respaldo científico:
1) Minoxidil tópico tratamento de primeira linha
O minoxidil tópico (solução ou espuma) é a base do tratamento para FPHL. A formulação 5% aplicada diariamente é frequentemente preferida por comodidade e eficácia. Resultados iniciais costumam aparecer entre 4 e 6 meses; a continuidade é necessária para manutenção dos ganhos.
“Oriento minhas pacientes desde o início: o minoxidil é a pedra angular — precisa ser usado com regularidade e com expectativas realistas. É comum que os primeiros sinais de melhora levem meses.” Dra. Luísa Groba.
2) Minoxidil oral em baixa dose opção emergente
Nos últimos anos, o minoxidil oral em doses baixas tem sido usado off-label para mulheres com boa resposta insuficiente ao tópico ou quando a aplicação tópica é impraticável. Estudos e revisões mostram eficácia, mas o uso exige acompanhamento médico por possíveis efeitos (retenção hídrica, hipotensão, hipertricose). A avaliação de risco-benefício e o monitoramento cardiológico quando indicado são fundamentais.
3) Antiandrogênios (por exemplo, espironolactona)
Em mulheres com componente androgênico ou sinais clínicos de hiperandrogenismo, antiandrógenos como a espironolactona podem ser utilizados, isoladamente ou em associação, especialmente em mulheres em idade reprodutiva que tenham indicação e sejam acompanhadas pelo médico. Evidências apontam benefício em redução da queda e ganho de densidade.
4) Procedimentos ambulatoriais: PRP, microagulhamento, LLLT
- Plasma rico em plaquetas (PRP): revisões e metanálises recentes indicam que PRP pode aumentar a densidade capilar e ser um coadjuvante útil, embora a qualidade dos estudos varie.
- Microagulhamento (microneedling): estimula remodelação e pode potencializar a absorção de tópicos.
- Laser de baixo nível (LLLT): tem evidência moderada para aumentar a densidade capilar em uso contínuo.
“Uso PRP e microagulhamento como complementos quando indicados — especialmente em pacientes que precisam de estímulo para regeneração e melhor resposta aos tratamentos tópicos.” Dra. Luísa Groba.
5) Transplante capilar em mulheres: quando indicações existem
O transplante (normalmente FUE atualmente) é indicado quando há padrão estável de perda, reserva doadora suficiente e expectativa realista da paciente. Em mulheres, o padrão de afinamento costuma ser mais difuso, o que exige avaliação criteriosa — nem todas são candidatas. A cirurgia demanda confirmação do diagnóstico (ex.: descartar alopecias cicatriciais), estabilização do quadro e plano multidisciplinar.
“Em mais de 500 cirurgias, percebo que candidatas bem selecionadas obtêm resultados naturais e satisfação elevada. Em mulheres, a avaliação pré-operatória é ainda mais crítica para evitar resultados insatisfatórios.” Dra. Luísa Groba (coautora de capítulo internacional e referência em transplante capilar e de sobrancelhas).
Como escolher o profissional e a técnica
- Procure um dermatologista com título de especialista (no Brasil, título pela SBD) e formação em tricologia; para cirurgias, avalie experiência específica em transplante capilar. A SBD e sociedades internacionais são referências para buscar profissionais habilitados.
- Peça histórico e portfólio: antes/depois autênticos, número de procedimentos realizados, tipos de técnica dominadas (FUE, FUT, técnicas de manejo doadora).
- Infraestrutura e equipe: sala adequada, instrumentação para transplante, anestesia segura, equipe treinada.
- Transparência sobre riscos e expectativas: planos claros de tratamento não cirúrgico prévio, tempo de recuperação, necessidade de manutenção.
- Evite intervenções estéticas invasivas por profissionais não médicos.
“A decisão deve ser clínica e técnica: o paciente tem de ser ouvido, examinado e orientado sobre todas as alternativas — do tópico ao cirúrgico. Nós, médicos, temos a responsabilidade de oferecer caminhos seguros e realistas.” — Dra. Luísa Groba.
Expectativas e acompanhamento
- Muitas terapias exigem meses para mostrar efeito (4 a 12 meses); manutenção é comum.
- Combine abordagem medicamentosa e procedimentos quando necessário.
- Reavaliações periódicas para ajustar doses, checar efeitos adversos e manter adesão.
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