Rituais de limpeza energética ganham espaço entre pessoas em burnout e esgotamento emocional - Joana D'arc

Destaque

17 julho 2025

Rituais de limpeza energética ganham espaço entre pessoas em burnout e esgotamento emocional

Com o aumento de diagnósticos e afastamentos, práticas como ebó se consolidam como caminho complementar de equilíbrio interno

O Brasil vive um crescimento alarmante nos casos de burnout e outros transtornos mentais. Segundo dados do Ministério da Previdência Social, quase 500 mil licenças médicas foram concedidas em 2024 por questões de saúde mental, um aumento de 68% em relação ao ano anterior. Só no primeiro quadrimestre de 2025, ações trabalhistas relacionadas ao burnout cresceram 14,5%, acumulando um passivo superior a R$3,7 bilhões.


Diante desse cenário, cresce a busca por alternativas de cuidado que vão além da terapia tradicional. A espiritualidade, sobretudo nas tradições afro-brasileiras, tem sido um caminho para quem sente que a mente não dá conta sozinha. Nessa abordagem, o burnout não é visto apenas como uma sobrecarga emocional ou ocupacional, mas como o reflexo de um desequilíbrio energético mais profundo. “Quando a energia adoece, o corpo sente, a mente bloqueia e a vida trava. O burnout é manifestação disso e só o tratamento racional não basta”, explica Eduardo Elesu, sacerdote de Esù.


Rituais como o Ebó, tradicionalmente usados para limpeza, reorganização e abertura de caminhos, têm ganhado novo significado no contexto contemporâneo. Ao contrário de práticas genéricas de autocuidado que aliviam sintomas de forma passageira, o ebó é prescrito após uma leitura oracular individual, que identifica bloqueios espirituais e aponta intervenções práticas e simbólicas, como banhos, oferendas e orações específicas. “Não é algo que se aprende com vídeo ou tutorial. O Ebó é rito com fundamento, tradição e compromisso. Ele não promete milagre, mas é responsável por ajudar a devolver o fluxo da vida”, afirma Elesu.


Essa abordagem não substitui o cuidado médico ou psicológico, mas o complementa. Começa por um entendimento mais amplo das causas do sofrimento: padrões repetitivos, relações que drenam energia, traumas antigos ou um vazio disfarçado de produtividade constante. O tratamento espiritual amplia a visão sobre o adoecimento e propõe um caminho de cura mais integral.


Além do aspecto individual, a espiritualidade afro-brasileira também oferece uma visão coletiva: o bem-estar não é separado da comunidade. “A circulação de axé precisa de ética, troca e responsabilidade, quando um ponto se cura, todo o sistema se reorganiza”, explica o sacerdote.


Num momento em que o colapso emocional se torna cada vez mais comum, os rituais de limpeza energética ganham espaço como ferramentas sérias de sustentação espiritual. Mais do que aliviar o cansaço, eles ajudam a reorganizar a vida a partir do centro, onde a mente e o corpo voltam a se alinhar.


Sobre Eduardo Elesu

Eduardo Elesu é sacerdote de Esù e dirigente do Ilê Odé Nlá Axé Alagbará. Sua trajetória espiritual começou na infância, marcada por experiências de dor e superação, tendo encontrado acolhimento no candomblé. Frequentador do Candomblé desde os três anos de idade, é filho da Yalorixá Siwalejó (Noemi) e de Carlos Eduardo. A perda repentina de seu pai reforçou o vínculo da família com a espiritualidade afro-brasileira. 


Iniciado em nome de Oxóssi, Eduardo sempre teve uma forte conexão com Esù, assumindo responsabilidades rituais desde jovem. Foi acolhido no Ilê Obá Ketu Axé Omi Nlá, onde se aprofundou sob a orientação do Babalorixá Rodney William. Após cumprir todas as etapas iniciáticas, foi consagrado como Elesu, sacerdote de Esù. Atualmente, como Oluwo, lidera seu próprio Ilê e é amplamente reconhecido pela precisão nos Jogos de Búzios, rituais de Ebó, encantamentos e processos iniciáticos.

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