Segundo o Dr. Lucas Nacif, a presença de uma pequena quantidade de gordura no fígado é normal, mas quando excede 30% do volume do órgão, surgem complicações mais sérias
O cantor João Gomes, 22 anos, surpreendeu os fãs ao revelar que foi diagnosticado com gordura no fígado, condição conhecida como esteatose hepática e, por conta disso, decidiu abandonar o consumo de bebidas alcoólicas. O anúncio foi feito em uma conversa com o influenciador Emersonyslley, publicada no Instagram.
"Parei por conta de mim mesmo, estava começando a ter gordura no fígado, aí falei: ‘poxa, não quero mais", afirmou o artista, ressaltando que teve sintomas de abstinência. Tive alucinação, estava estressado”.
Mas o que é esteatose hepática?
A esteatose hepática ocorre quando o órgão acumula gordura em suas células e espaços, levando a um aumento de volume. Em casos mais graves, esse acúmulo pode desencadear inflamação, resultando em condições como hepatite gordurosa, cirrose hepática e, nos casos mais críticos, câncer. Segundo o Ministério da Saúde, a doença afeta cerca de 30% da população brasileira.
Segundo o Dr. Lucas Nacif, médico cirurgião gastrointestinal e membro titular do Colégio Brasileiro De Cirurgia Digestiva (CBCD) parte dessa população é jovem. “Infelizmente, estou recebendo um número crescente de jovens com diagnóstico de esteatose hepática, isso se dá ao estilo de vida inadequado e da má alimentação, e é bastante preocupante, pois a doença, antes vista principalmente em uma população mais adulta, agora afeta a mais jovem”, alerta Nacif.
É o que também mostra uma pesquisa da American Association for the Study of Liver Diseases (Associação Americana para o Estudo de Doenças do Fígado, em português). O estudo, publicado em 2023, mostrou que a América do Sul foi o continente que registrou o maior aumento de adolescentes com esteatose hepática metabólica, ou seja, acúmulo de gordura no fígado.
Entenda quando essa gordura se torna preocupante
Segundo o médico, a presença de uma pequena quantidade de gordura no fígado é normal, mas quando essa infiltração excede 5% do volume do órgão, surgem complicações mais sérias. “Até este ponto, a quantidade de gordura no fígado é considerada amena (ou esteatose leve) e geralmente não causa danos. Porém, quando a infiltração de gordura ultrapassa esse limiar, atingindo valores acima de 30% ou associados a outras comorbidades, o risco de desenvolver inflamação e outras complicações hepáticas aumenta consideravelmente ", explica.
“O nosso fígado conta com funções essenciais, como o armazenamento de vitaminas (A, D, K, E), ferro e cobre, a regulação da glicose e dos níveis de colesterol, a produção de fatores de coagulação e bile, e a conversão de amônia em uréia, eliminada pela urina. Ele é como um laboratório do corpo, responsável por diversas funções vitais que mantêm nosso organismo em equilíbrio, e por isso precisa estar completamente saudável", ressalta Nacif.
Conheça os sinais de um fígado gorduroso e como prevenir a condição
O médico explica que, para entender os sinais de um fígado gorduroso, é necessário compreender os três graus de esteatose hepática. O grau 1 corresponde a uma deposição leve de gordura. O grau 2 apresenta uma deposição moderada, enquanto no grau 3 a deposição de gordura é acentuada. Embora a esteatose não esteja associada a sintomas, quando combinada à síndrome metabólica, a inflamação pode evoluir para casos graves. Esses incluem pele e olhos amarelados, acúmulo de líquido abdominal (ascite) e hematomas. O diagnóstico é realizado por meio de exames médicos regulares, como ultrassom abdominal e testes de função hepática (TGO, TGP, Gama GT).
Felizmente, é possível prevenir a condição. Nacif enfatiza que a prevenção e o tratamento da esteatose hepática envolvem mudanças significativas no estilo de vida. “O paciente deve evitar o consumo de álcool, que danifica as células do fígado. Além disso, é fundamental adotar uma alimentação saudável, como a dieta mediterrânea, rica em fibras, vegetais, proteínas magras, azeite de oliva e grãos integrais, e buscar manter um peso saudável por meio de uma dieta equilibrada e exercícios físicos regulares”, conclui.
Saiba mais sobre o Dr. Lucas Nacif: Médico gastroenterologista com especialidade em cirurgia geral e do aparelho digestivo. Lucas Nacif é reconhecido por sua expertise em cirurgias hepato bilio pancreáticas e transplante de fígado, utilizando técnicas avançadas minimamente invasivas por laparoscopia e robótica. O especialista é membro da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) e está disponível para abordar temas relacionados ao aparelho digestivo, desde doenças, como gordura no fígado; câncer colorretal; doenças inflamatórias intestinais; pancreatite até cirurgias e transplantes em geral. Link e www.instagram.com/dr.
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