Basta a temperatura cair que, junto com os casacos, muitos também tiram do armário sentimentos como desânimo, irritabilidade e até tristeza sem motivo aparente. O inverno — ou mesmo períodos mais frios ao longo do ano — podem mexer profundamente com o equilíbrio emocional, como alerta a psicóloga e neuropsicóloga Tatiana Serra. "O frio não afeta apenas o corpo, ele também tem impacto direto na nossa saúde mental. E isso tem explicações biológicas e comportamentais claras", afirma a especialista.
De acordo com Tatiana, uma das principais razões está na diminuição da exposição à luz solar, responsável por regular hormônios como a melatonina (ligada ao sono) e a serotonina (ligada ao humor). “Com menos luz natural, o cérebro reduz a produção de serotonina, o que pode levar à sensação de tristeza, apatia e cansaço. É como se o organismo entrasse em modo de economia de energia — física e emocional.”
Outro fator relevante é o isolamento social involuntário. Com o frio, as pessoas tendem a sair menos, ver menos amigos e praticar menos atividades ao ar livre, o que reforça a sensação de solidão. “Esse comportamento favorece o surgimento ou o agravamento de quadros como depressão sazonal, especialmente em pessoas que já têm predisposição”, destaca Tatiana.
Entre os efeitos psicológicos mais comuns observados nos dias mais frios estão:
- Maior tendência à ruminação mental (pensamentos repetitivos e negativos)
- Alterações no apetite (com busca por alimentos mais calóricos)
- Queda na motivação para tarefas simples do dia a dia
- Aumento da irritabilidade e sensibilidade emocional
A boa notícia é que existem formas de se proteger. Segundo Tatiana Serra, manter uma rotina de exercícios físicos, garantir ao menos alguns minutos diários de exposição à luz natural (mesmo nos dias nublados), praticar a auto-observação emocional e procurar manter vínculos afetivos ativos são atitudes que ajudam a equilibrar o bem-estar mental durante o frio. “Não é frescura nem drama. É neuroquímica e contexto. Por isso, o acolhimento e a informação são fundamentais”, finaliza a psicóloga.
Sobre Tatiana Serra, psicóloga e neuropsicóloga
CRP: 06/123778
Neuropsicóloga pelo Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HCFMUSP), graduada em Psicologia pela Universidade Paulista (2014), analista do Comportamento pela Universidade de São Paulo (USP).
Experiência de mais de 10 anos em Análise do Comportamento e Transtorno do Espectro do Autismo e desenvolvimento de famílias e equipe.
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