Você já se perguntou quantas mulheres ao seu redor estão em silêncio, enfrentando a dor de não conseguir engravidar? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 1 em cada 6 pessoas no mundo convive com a infertilidade, um número que revela não só a dimensão do problema, mas também a urgência de falar sobre ele com mais empatia, informação e acolhimento.
Junho, mês dedicado à conscientização da infertilidade, convida a sociedade a romper o silêncio em torno do tema. A estimativa é que cerca de 278 mil casais brasileiros enfrentem dificuldades para ter filhos. Ainda assim, muitos ainda encaram o diagnóstico com culpa ou vergonha, quando na verdade estamos diante de uma condição médica tratável — e que pode ser enfrentada com apoio, ciência e, acima de tudo, esperança.
Os avanços da medicina vêm transformando profundamente o caminho da maternidade. Hoje, é possível identificar causas, indicar tratamentos personalizados e realizar procedimentos como a fertilização in vitro (FIV), que têm ajudado milhares de mulheres a realizarem o sonho de ter um filho nos braços.
Mais do que números, a infertilidade carrega histórias reais, atravessadas por emoções intensas. Por isso, a informação é um dos caminhos mais poderosos para combater o tabu e dar voz a quem vive essa jornada. Porque falar sobre infertilidade é, também, abrir espaço para o amor, a escuta e a possibilidade de recomeços.
Vale ressaltar que a infertilidade é definida pela OMS como a incapacidade de engravidar após 12 meses de tentativas regulares sem o uso de métodos contraceptivos. E embora muitas vezes seja erroneamente atribuída apenas às mulheres, especialistas explicam que as causas estão divididas quase igualmente entre fatores femininos, masculinos e mistos.
“Infertilidade não é uma sentença nem culpa de ninguém. É uma condição médica que pode ser investigada, compreendida e, na maioria das vezes, tratada com muito sucesso. O mais importante é buscar ajuda especializada e entender que existe caminho,” afirma a ginecologista e especialista em Reprodução Humana Dra. Carla Iaconelli, referência em tratamentos de fertilidade.
As causas mais comuns de infertilidade
No caso das mulheres, os principais fatores que afetam a fertilidade incluem:
- Distúrbios hormonais que afetam a ovulação
- Idade avançada – a fertilidade feminina começa a cair significativamente após os 35 anos
- Endometriose
- Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)
- Obstruções tubárias (nas trompas de falópio)
- Miomas, pólipos e anomalias uterinas
- Alterações na qualidade ou quantidade dos espermatozoides
- Varicocele (dilatação das veias testiculares)
- Disfunções hormonais
- Infecções ou traumas
- Estilo de vida: consumo excessivo de álcool, tabagismo, obesidade, estresse crônico e uso de anabolizantes
Avanços e opções de tratamento
A boa notícia é que a medicina reprodutiva avançou significativamente nos últimos anos, tornando possível o sonho da maternidade para mulheres e casais em diferentes contextos.
Entre os tratamentos disponíveis estão:
- Relação sexual programada: ideal para casos mais simples, com acompanhamento do período fértil.
- Inseminação intrauterina (IIU): os espermatozoides são processados em laboratório e introduzidos diretamente no útero.
- Fertilização in Vitro (FIV): o óvulo é fecundado fora do corpo e o embrião transferido ao útero. É o tratamento mais conhecido e com maiores taxas de sucesso.
- Congelamento de óvulos e embriões: indicado para quem deseja preservar a fertilidade.
- Doação e recepção de óvulos ou embriões: indicada para mulheres com baixa reserva ovariana, menopausa precoce ou que passaram por tratamentos como quimioterapia.
- Diagnóstico Genético Pré-implantacional (PGT): permite selecionar embriões livres de doenças genéticas.
“Hoje temos recursos para atender desde os casos mais simples até os mais complexos, com taxas de sucesso que podem chegar a 60% em ciclos de FIV, dependendo da idade da paciente e da qualidade embrionária. Além disso, o congelamento de óvulos é uma opção assertiva para mulheres que querem decidir o melhor momento para ser mãe,” explica a especialista.
Preservar a fertilidade também é um ato de planejamento
A idade ainda é um dos fatores mais impactantes na fertilidade feminina. A partir dos 35 anos, a qualidade e quantidade dos óvulos diminui, afetando as chances naturais de engravidar.
“É importante que a mulher conheça o próprio corpo e entenda que o tempo reprodutivo não acompanha o tempo social. O congelamento de óvulos é uma ferramenta poderosa de autonomia e planejamento. Ser mãe aos 40 é possível — desde que com acompanhamento médico especializado,” destaca Dra. Carla Iaconelli.
Infertilidade é saúde pública – e precisa ser falada com naturalidade
Apesar dos avanços tecnológicos, o acesso aos tratamentos ainda é limitado para grande parte da população. No Brasil, poucos centros públicos oferecem técnicas de reprodução assistida com regularidade, e a alta demanda gera longas filas de espera.
A OMS recomenda que governos ampliem políticas públicas e investimentos em saúde reprodutiva para garantir o acesso universal aos tratamentos de fertilidade — especialmente para casais com menor poder aquisitivo.
“Precisamos falar sobre infertilidade com naturalidade, empatia e responsabilidade. É uma questão de saúde, e não de escolha. A informação é a primeira forma de cuidado,” finaliza Dra. Carla.
Sobre a especialista
Dra. Carla Iaconelli é ginecologista, obstetra e especialista em Reprodução Humana. Atua no acompanhamento de mulheres e casais que sonham com a maternidade, oferecendo tratamentos personalizados e humanizados. É referência em técnicas como Fertilização in Vitro, ovodoação e preservação da fertilidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário