Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva passar mal nesta segunda-feira (26) com um episódio de vertigem e ser diagnosticado com labirintite, o neurologista Dr. Saulo Nader, neurologista com expertise em tontura e distúrbios do equilíbrio, chama atenção para um ponto importante: "O boletim médico oficial do hospital informou o diagnóstico de “labirintite”, que é um termo mais geral, já que existem dezenas de doenças que geram vertigem. Provavelmente usaram esse termo por ser mais conhecido de todos, deixando a notícia mais inteligível para população”, ressalta Nader.
De acordo com as últimas notícias do Sírio-Libanês, Lula realizou exames de sangue e imagem, todos considerados dentro da normalidade, e se encontra em repouso no Palácio da Alvorada. A recomendação médica foi descansar.
Mas o que pode ter causado a vertigem do presidente?
“Vertigem é uma percepção anormal de movimento, como se tudo ao redor estivesse girando ou balançando”, explica Dr. Saulo.
Segundo o neurologista, existem algumas possibilidades que podem estar relacionadas ao novo episódio.
Uma delas é a consequência da queda de Lula, em outubro de 2024. Na ocasião, o presidente bateu a cabeça forte e teve uma lesão no rosto.
“Sabemos que pancadas na cabeça podem soltar os cristais do labirinto, órgãos que são nossos sensores de movimento, e isso pode gerar crises de vertigem de repetição. Essa condição é chamada de Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB). Apesar de ser mais comum que os sintomas surjam pouco tempo após a pancada, existem casos em que os cristais se soltam tardiamente, o que poderia explicar o quadro atual. E seria a melhor das hipóteses, pois o problema é tratado por meio das manobras sem uso de remédios e a recuperação será rápida”, ressalta Dr. Saulo.
Segunda possibilidade, seria a vertigem ser consequência de um novo sangramento (o que seria pouco provável, pois não há outros sintomas associados). Lembrar que Lula teve um sangramento cerebral diagnosticado em dezembro de 2024, como consequência à queda.
Já a terceira possibilidade é que essa vertigem não tem realmente relação alguma com a queda de outubro e o sangramento de dezembro, pois 30% da população pode ter tontura em algum momento da vida e no caso do Lula, pode ter chegado a sua vez.
Uso inadequado do termo "labirintite":
O especialista destaca que o diagnóstico divulgado como “labirintite” é genérico, que toda população conhece, mas que pode significar muitas doenças diferentes.
“A palavra virou um rótulo popular, mas esconde uma variedade enorme de diagnósticos. Nem sempre a vertigem tem origem no labirinto, por exemplo. Pode ser causada por enxaqueca vestibular, neurite vestibular (como a que Dilma Roussef teve), doenças neurológicas ou até cardiovasculares”, explica.
O neurologista reforça que um diagnóstico preciso é essencial. “O mais importante é entender que a vertigem é um sintoma, não um diagnóstico. E tratar sem saber a causa pode atrasar a recuperação e mascarar algo mais sério.”
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