O jazz nacional está prestes a ganhar mais um importante capítulo. Tido como um dos principais nomes do gênero instrumental contemporâneo, o pianista afrofuturista (por convicção) e carioca (de nascença) Jonathan Ferr lança nesta sexta-feira - pelo selo slap, da Som Livre - (26) seu novo single “Lá Fora” - ouça aqui. A faixa, que é a primeira de seu próximo álbum (“Liberdade”, com previsão de lançamento ainda para este ano), aposta na conexão com o gênero urbano para além do jazz, e traz como participações especiais os rappers Coruja BC1 e Zudizilla. “Lá Fora” chega ainda com um videoclipe, que conta com a presença dos três artistas - assista aqui.
Precursor do urban jazz no Brasil - um braço do gênero musical com uma pegada mais pop, que mistura elementos de hip hop, R&B e outros ritmos, resultado em um jazz mais urbano e popular -, Ferr apresenta em “Lá Fora” (que tem produção assinada pelo beatmaker Lossio) uma sonoridade boombap misturada aos acordes do piano. Com Zudizilla e Coruja BC1 protagonizando os vocais da faixa, o resultado é um ‘jazz mais urban’ do que nunca, tanto pela presença dos rappers enquanto representantes da música urbana, quanto pela estética musical híbrida.
Sobre a parceria com Zudizilla e Coruja, o pianista conta: “Cada um escreveu a sua própria rima e acabamos por pensar no refrão juntos. Essa música é o resultado de uma troca profunda entre os envolvidos, ainda mais se tratando de um feat. Quando os meninos toparam a parceria, a primeira coisa que eu fiz foi chamá-los pra tomar uma cerveja, pra que todos pudéssemos nos conectar ainda mais, para que a faixa tivesse algo robusto e verdadeiro. É nesse tipo de conexão que acredito.”.
Como tudo no consistente trabalho de Jonathan Ferr, a escolha de “Lá Fora” como single de seu próximo álbum é repleta de significado. Apesar da mistura quase homogênea entre o jazz e o hip hop, os ouvintes mais atentos vão identificar na nova faixa um dos pilares do álbum do pianista: o 'auto-sampleamento', uma vez que “Lá Fora” é o sample de “Chuva”, track de seu álbum anterior, “Cura”. “O nome do meu novo álbum, ‘Liberdade’, dá todo o significado deste novo trabalho, e passa por diferentes camadas. É ser livre tanto no ato de samplear a mim mesmo - sendo o sample um tema às vezes tão controverso e polêmico na indústria musical -, quanto nas misturas sonoras, em que eu estou buscando um lugar fora dos estereótipos do que é jazz e do que é rap”, conta o artista, admitindo que um dos seus objetivos é provocar o ouvinte, fazendo ruir os limites entre jazz, hip hop e R&B.
Por sua vez, sobre a escolha de “Chuva” como primeira faixa a ser sampleada - outras do álbum “Cura” também serão para novas faixas em “Liberdade” -, Jonathan arremata: “Eu queira fazer de cara essa relação com o Hip-Hop, dando o tom exato do que estar por vir no disco. ‘Lá Fora’ deixa essa nova estética muito evidente, mostrando de cara o que as pessoas podem esperar de ‘Liberdade’”, conclui o artista sobre o próximo projeto.
“Lá Fora” - Jonathan Ferr ft. Coruja BC1 e Zudizilla
Lançamento slap/Som Livre - 26 de agosto/2022
Letra:
(ZUDIZILLA)
Queira ou não queira é o tempo que decide tudo
Não haverá futuro sem pensar que o agora é se tem na mão
Firma
Sua base pra que fique em pé em dias não tão
Bons onde
Pra me proteger só tenho fone
Dia cinza
Minhas nuvens tapa o céu já faz um tempo
Era pra ser verão mas isso é São Paulo
Ando a beira desse caos vendo que não casos
Isolados de quem pede pausa acelerando o carro
Eu que trago a tempestade bem debaixo do capuz
Tu que quis, ela diz
De calcinha com minha blusa
Tô na recusa dessas soluções fáceis
Que já me meteram em situações trágicas
Enquanto o tempo passa
Quase te entendo
sou assim mesmo
No espelho
O inimigo íntimo
Que eu enfrento
Por meu filho
Tô com uma arma na cabeça
E é eu que tô com dedo no gatilho
Enquanto lá fora cai
Enquanto lá fora
Cai Chuva
(CORUJA BC1)
Estou tão grudado no pecado
Logo eu, que já beijei o pé de Cristo me vi crucificado
É que entre anjos tudo é tão ilícito
Procuro jóias que não estão na manopla
E nem falo de chuva de like pra se afogar
Só, me sinto flex se um sorriso dropa
E esses corpos calientes vem pra me drogar
Só queria um amor compatível comigo
Pique Azja Pryor e Chris Tucker
E não algo incompatível
Pique Pac e DeLores Tucker
Não é drama, só peito em chamas
Que se apagou no inverno de Veneza
Aliás finge que eu sou um influencer
E estou fazendo a publi pra tristeza
(JONATHAN FERR)
Dias ruins vão e vem
Dias ruins vão e vem
Dias ruins vão e vem
Dias ruins vão e vem
Enquanto lá fora cai
Enquanto lá fora
Cai Chuva
Sobre Jonathan Ferr
Se ao ouvir falar em jazz e piano você automaticamente pensa em músicos de figurinos clássicos e cores sóbrias, pode esquecer essa persona. E ninguém melhor para acabar com essa imagem pré-concebida do que o pianista brasileiro - e carioca - Jonathan Ferr. Ferr, aliás, é a personificação da quebra de paradigmas: estética, essencial e, claro, musicalmente falando. Nascido e criado em Madureira, bairro do subúrbio do Rio de Janeiro que é considerado o berço do samba - e também do baile charme -, o artista contrariou as expectativas, se firmando como precursor do urban jazz no Brasil - um braço do gênero musical com uma pegada mais pop, que mistura elementos de hip hop, R&B e outros ritmos -, e é considerado um dos maiores nomes do jazz contemporâneo nacional, já tendo se apresentado em alguns dos principais festivais e casas de jazz ao redor do mundo, em países como Portugal, Espanha, Alemanha e Holanda.
Colorido, super descolado, cheio de referências à cultura brasileira nas suas músicas e apaixonado pela estética afrofuturista, que é uma das suas maiores assinaturas, Jonathan é um artista completo e multifacetado: além de pianista, ele dirige os próprios clipes (que são quase uns filmes mesmo, dada a linguagem cinematográfica e o esmero), e eventualmente atua e escreve. Integrante do slap, selo da Som Livre, seu lançamento mais recente foi o álbum "Cura" (2021), acompanhado de uma websérie, e considerado um dos melhores álbuns do ano pelo prêmio APCA e pelo portal Tenho Mais Discos Que Amigos. Neste trabalho especialmente, o objetivo de Ferr é a democratização do gênero musical instrumental, apresentando o jazz como acessível a todas as camadas sociais, longe dos estereótipos eruditos. O álbum "Cura" chegou ainda com uma proposta de música-medicina, bastante inspirado pelo momento que estamos vivendo. Com nove faixas, além de Ferr no piano, o disco conta com poucas - mas incríveis - participações especiais: a filósofa Viviane Mosé, o ator e cantor Serjão Loroza na faixa "Esperança", e o violoncelista Jaques Morelenbaum - que já trabalhou com nomes como Tom Jobim, Caetano Veloso, Gal Costa e Marisa Monte, além de assinar a trilha sonora de clássicos do cinema nacional, como Central do Brasil, Orfeu do Carnaval, Tieta do Agreste e O Quatrilho, entre outros. No mesmo ano, o disco levou Jonathan aos telões da Times Square (New York) em uma campanha do YouTube Music Brasil.
Para 2022, Jonathan prepara seu novo álbum “Liberdade”. O artista, que é também apresentador do podcast Passion4Jazz, será ainda uma das atrações do festival Primavera Sound (SP), em outubro.
Acompanhe Jonathan Ferr nas redes:
Sobre o slap
O slap faz parte da vida de quem busca novas experiências musicais e orgulha-se de, desde 2007, fomentar a cena brasileira e também abrir as portas do mercado para novos artistas. Sua missão é potencializar artistas em construção e empoderar nomes independentes, incentivando o midstream e fazendo com que novos sons, originais e arrojados, cheguem a cada vez mais pessoas. O slap carrega em sua história grandes lançamentos de nomes no mercado como Maria Gadú, Ana Vilela, Silva e Scalene. Seus representantes possuem a autenticidade como característica e atualmente fazem parte do time artistas como Di Ferrero, Hodari, Jonathan Ferr, Luccas Carlos, Luthuly, Marcelo Jeneci, Maria Gadú, Marô, Gustavo Bertoni, Scalene e Thiago Pantaleão.
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