Associação Santa Cannabis explica que os remédios à base da planta já
são capazes de conseguir aliviar as fortes dores provocadas pela doença
A saúde da mulher tem ganhado cada vez mais espaço nas discussões médicas e sociais, impulsionada pelo avanço da ciência e pelas novas possibilidades terapêuticas para doenças antes tratadas de forma limitada e sem alívio dos sintomas. Entre essas alternativas, a cannabis medicinal tem se destacado como uma opção promissora, especialmente no alívio de sintomas da endometriose, condição crônica que afeta milhões de mulheres no Brasil e no mundo.
A endometriose é caracterizada pelo crescimento do endométrio (tecido que reveste o útero) fora da cavidade uterina, atingindo órgãos como intestino, ovários e bexiga. Esse deslocamento provoca inflamações, sangramentos internos e dores intensas, especialmente no período menstrual. Embora a cólica seja o sintoma mais comum, a doença também pode causar infertilidade, dor durante as relações sexuais, fadiga crônica e alterações intestinais ou urinárias.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 7 milhões de brasileiras vivem com a doença, e o número chega a 176 milhões de mulheres no mundo. Embora o tratamento tradicional envolva o uso de anticoncepcionais, analgésicos e, em casos mais graves, cirurgia, muitos pacientes têm buscado terapias alternativas que ofereçam alívio com menos efeitos colaterais. É nesse contexto que a cannabis medicinal tem ganhado espaço.
De acordo com Gabriela Kreffta, responsável técnica da Santa Cannabis - associação sem fins lucrativos dedicada ao estudo e à distribuição legal de produtos à base de CBD e THC -, há evidências crescentes de que os canabinoides podem auxiliar no controle da dor e da inflamação associadas à endometriose. “O canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC) possuem propriedades analgésicas e anti-inflamatórias que ajudam a reduzir o desconforto causado pela doença. Isso permite que as crises sejam menos intensas e mais breves”, explica.
Um estudo publicado na Frontiers in Pain Research (2023) demonstrou os efeitos modificadores do Δ9-tetrahidrocanabinol (THC) na dor associada à endometriose, revelando que o THC não apenas alivia a dor, mas também reduz o crescimento das lesões endometriais, destacando sua ação analgésica e antiproliferativa. Complementando essas descobertas, a pesquisa publicada na Cell Chemical Biology (2019) mostrou que o canabidiol (CBD) atua nas mitocôndrias para regular os níveis de cálcio intracelular, o que contribui para a redução da inflamação e alívio da dor crônica associada à doença.
Além disso, uma pesquisa realizada na Journal of Obstetrics and Gynaecology Canada (2020) indicou que muitas mulheres com endometriose utilizam cannabis como estratégia de autogerenciamento, relatando alívio significativo da dor, melhora no sono e redução da ansiedade. Por fim, uma revisão publicada na International Journal of Molecular Sciences (2021) discutiu o papel do sistema endocanabinoide na fisiopatologia da endometriose, sugerindo que pode ser um alvo terapêutico promissor para tratamentos futuros.
As evidências sugerem que a cannabis medicinal representa uma alternativa promissora para o tratamento da endometriose, principalmente para mulheres que não respondem bem aos tratamentos convencionais. Mas apesar do potencial terapêutico, o uso da cannabis medicinal ainda exige cautela e acompanhamento especializado. “É fundamental que o tratamento seja prescrito por um médico com experiência no uso de canabinoides. A dosagem, a proporção entre CBD e THC e a forma de administração devem ser individualizadas para garantir segurança e eficácia”, ressalta Gabriela.
Com o aumento do número de mulheres diagnosticadas - estima-se que uma em cada dez brasileiras sofrem de endometriose -, o acesso a tratamentos mais humanizados e menos invasivos se torna uma urgência na saúde pública. A cannabis medicinal, nesse cenário, surge como uma alternativa válida e com respaldo científico, capaz de devolver qualidade de vida a milhares de pacientes.
Sobre a Santa Cannabis
A Santa Cannabis é uma associação sem fins lucrativos que busca fomentar os estudos da cannabis medicinal em pacientes com indicação médica para o uso, assim como a distribuição legal de CBD e THC medicinal. Fundada em 2019, a empresa possui uma autorização judicial que possibilita a importação, o plantio e o transporte de sementes para a produção de óleos e pomadas.
Muito informativo, não sabia. Excelente post.
ResponderExcluirNão sabia que tem esse tipo de tratamento, algumas amigas sofrem com isso quando tão no período. Graças a Deus não tenho.
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