A cada sete crianças brasileiras, uma está acima do peso. É o que aponta o último levantamento do Ministério da Saúde, realizado em 2023. A obesidade infantil é um distúrbio nutricional cada vez mais frequente e preocupante, não apenas pelo impacto na saúde física, mas também pelos reflexos cognitivos, emocionais e sociais, que podem se estender por toda a vida.
Segundo o pediatra credenciado da Omint, Dr. Adalberto Stape, o diagnóstico de obesidade infantil é feito clinicamente, por meio de avaliações que incluem o Índice de Massa Corporal (IMC), a circunferência abdominal e a medição de pregas cutâneas. Essas análises podem ser realizadas por pediatras, endocrinologistas, nutricionistas e nutrólogos. “A obesidade é uma condição crônica que compromete o desenvolvimento físico e cognitivo, podendo afetar a atenção, a memória, a capacidade de planejamento e até o desempenho escolar”, explica o médico.
Entre os principais riscos do sobrepeso em crianças estão o desenvolvimento precoce de doenças crônicas, como diabetes tipo 2, hipertensão, colesterol alto e distúrbios respiratórios, como apneia do sono, além de problemas ortopédicos e articulares. “A obesidade também está associada à puberdade precoce, especialmente em meninas, o que pode impactar negativamente o crescimento da criança”, detalha Stape.
O médico ainda destaca que os impactos não se limitam ao corpo. “Estudos indicam que crianças obesas apresentam pior desempenho em funções cognitivas, como controle de impulsos e flexibilidade cognitiva. Esses efeitos são resultado do estado inflamatório crônico associado à obesidade e de alterações hormonais que afetam o funcionamento do cérebro.”
O papel dos pais começa na introdução alimentar
De acordo com a nutricionista materno-infantil credenciada da Omint, Renata Marques, a prevenção da obesidade infantil deve começar nos primeiros anos de vida, mais especificamente durante a introdução alimentar.
“Esse é um momento fundamental, em que a criança começa a formar o paladar e a estabelecer sua relação com a comida. Quando bem conduzida, essa fase pode reduzir o risco de obesidade, seletividade e compulsões no futuro”, afirma.
Marques explica que a variedade de sabores, texturas e a ausência de pressões durante as refeições são fundamentais. “A forma como os alimentos são apresentados, sem punições ou recompensas, influencia diretamente como a criança irá se relacionar com a comida ao longo da vida”, ressalta.
Como os pais podem ajudar no dia a dia?
A especialista alerta para os principais erros que os pais devem evitar:
● forçar a criança a comer;
● utilizar a comida como prêmio ou punição;
● oferecer alimentos ultraprocessados precocemente;
● fazer refeições com distrações, como TV ou celular;
● impor dietas restritivas;
● não respeitar os sinais de fome e saciedade.
“Os pais devem dar o exemplo. A alimentação familiar tem papel decisivo na formação dos hábitos dos filhos”, explica a especialista.
Organização é aliada da boa alimentação
Para famílias com rotinas corridas, Renata recomenda planejamento e simplificação. Montar cardápios semanais, preparar marmitas caseiras, congelar porções saudáveis e ter sempre opções rápidas, como frutas cortadas, ovos ou sopas prontas, ajuda a manter a alimentação equilibrada, mesmo com pouco tempo.
O tratamento exige envolvimento da família
Para o pediatra Adalberto Stape, o tratamento da obesidade infantil precisa ser multidisciplinar e contar com o envolvimento ativo da família. “É necessário mudar hábitos alimentares, reduzir o tempo de tela, incentivar atividades físicas e promover um ambiente emocionalmente saudável. Sem o engajamento dos pais, é muito difícil alcançar bons resultados”, comenta o especialista.
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